ShadowHunters - Depois de três episódios, nossa opinião.


Supomos que você já saiba alguma coisa sobre Shadow Hunters-Instrumentos Mortais, a bem sucedida série literária para jovens e adultos da escritora Cassandra Clare e talvez também tenha assistido esse início de temporada. Correto?  

Pois é, pessoal... Assistimos aos três primeiros episódios dessa nova série e acreditamos que agora já podemos emitir uma opinião um pouco mais fundamentada acerca da produção. Vamos começar analisando as partes do todo:

Roteiro: 
Nesse quesito acredito terem tomado as decisões mais acertadas e em vez de tentar narrar fielmente os acontecimentos da saga, usar sua estrutura - inclusive inserindo personagens de sua outra saga, As Peças Infernais - de maneira mais livre, misturando os elementos e mesmo mantendo a linha central da ação, fazendo as modificações que considerariam favoráveis para o desenvolvimento de uma série com fôlego suficiente para mais que algumas temporadas. Até aí, tudo bem...

O problema no roteiro aparece primeiro na pressa em que toda essa nova roupagem para o sobrenatural é apresentada, como se a série estivesse sendo pensada para quem já leu os livros, o que de partida já é um erro, pois esses leitores não serão exatamente os espectadores da série televisiva, justamente pelas grandes alterações que foram e serão feitas, compreende? O público literário costuma implicar bastante com a questão da fidelidade e a não ser que o resultado dessas alterações seja realmente muito acertados, boa parte dele rejeitará a série.

Além disso, alguns diálogos parecem destoar de outros, em qualidade mesmo. Talvez outra consequência dessa mistura entre texto da autora e texto da roteirista, mesmo que tenha sido declarado que Cassandra tenha estado presente durante as gravações, o que não significa que ela tenha tido desenvoltura ou até autonomia para alterar alguma coisa.


Elenco principal:
Katherine McNamara (Clary Fray)
Dominic Sherwood (Jace Wayland)
Alberto Rosende (Simon Lewis)
Matthew Daddario (Alec Lightwood)
Emeraude Toubia (Isabelle Lightwood)

De modo geral, apesar da falta de experiência - consequência quase inevitável quando se tem a intenção de trabalhar com um grupo de jovens atores - o elenco principal dá conta do recado, com destaque para os três "anjos" que aparecem primeiro. Apesar de algumas reclamações em relação a uma suavização do personagem, Jace (Dominic Sherwood) parece bastante badass pra mim. Alec (Matthee Daddario) mantêm a personalidade séria e a segurança necessária a um líder - exceto quando se trata da complicada relação entre Jace e Clary, que o faz perder um pouco a compostura. Isabelle (Emeraude Toubia) é um caso a parte e apesar de uma exagerada no sex appeal da personagem, sua intérprete parece saber muito bem o que está fazendo ali.

Simon, por sua vez, tem se mostrado bastante irritante. Personagens tagarelas que não tem lá grande influência no enredo (ainda) geralmente recebem esse rótulo e além disso, ele acabou deixando leves demais algumas cenas que não deveriam ser. Está na cara que ele está ali pra ser um alívio cômico mas não precisa transformar o cara num Jar Jar Binks. Vamos dar um tempo ao garoto.

Ao mesmo tempo que acertaram nos anjos e passaram bem perto no amigo, parecem ter errado feio com Clary Fray (Katherine McNamara), que foi a grande decepção para mim nesse início. Até que ponto é culpa dela, do roteiro ou do diretor, eu não sei, mas ela não nos apresenta uma personagem bem construída, talvez por não ter tido tempo ainda, talvez pela própria situação vivida pela personagem no momento inicial da série, Clary parece sempre ter a atitude vacilante, mesmo na hora de demonstrar fragilidade ou medo. O que eu tenho certeza é que lhe falta certo carisma para o protagonismo e talvez até o talento para interpretação que eu lhe atribuí em um post anterior apenas olhando seu currículo. Enfim... espero que ela cresça junto com sua personagem e dê a essa série a chance de ultrapassar sua primeira temporada.


Direção e Produção
Como disse em um post anterior, isso tudo ficaria bem melhor com uma pegada mais dark, mas optaram por focar no público jovem mesmo, com muitas cenas que sugerem romance e situações dramáticas bem adolescentes. Mas aí eles pesaram a mão no apelo sexual, do figurino, passando pela atitude de alguns personagens, até chegar em muitas cenas quentes. 

É no jeito que misturam todas essas coisas que está, para mim, o problema. O roteiro já tem uma estrutura bastante simples, o que pode afastar um pouco o público adulto. Aí eles enchem de romances melosos e até um amigo numa friendzone intransponível. E pra destoar (ou não, né?) desse grande bolo colorido teen, tacam um monte de cenas de sexo, mesmo que moderadas, deixando o espectador meio confuso.

Enfim... restam dez episódios para a série dar uma guinada - principalmente em termos de audiência - e talvez conseguir uma renovação para uma segunda temporada. Algo fundamental para que reste um mínimo de esperança entre os produtores em continuar trabalhando em cima dessa franquia e conquistar uma fatia significativa do mercado.

Até o final da temporada!



CONVERSATION

0 comentários:

Postar um comentário